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Brucelose

29/03/2024 15:09:05

Brucelose canina

Sua evolução e importância na criação hoje.

Introdução

A Brucelose como patologia, corresponde a uma zoonose determinada por diferentes espécies de brucela que não são específicas para uma determinada espécie animal (bovinos ovinos, caprinos, suínos e cães) não dão preferência a uma delas.

A idade do animal influencia a infecção, sendo maior nos animais púberes, podendo ainda ocorrer nos impúberes, ao mamar leite contaminado, embora também tenha sido comprovada a transmissão vertical (filhotes já nascem infectados por suas mães doentes).

A grande importância desta bactéria na criação animal equivale ao papel que desempenha como zoonose, ou seja, agentes que infectam igualmente humanos e outras espécies animais.

A brucelose canina como zoonose

Cães infectados com Brucella Canis podem não ter sintoma algum, podem ter problemas reprodutivos ou exibem uma doença sistêmica como a Discoepondilite da coluna vertebral. A infecção de humanos por Brucella canis é rara, porém dá-se por transmissão direta das secreções gênito-urinárias, principalmente os fetos abortados ou a placenta de cadelas infectadas. A doença no humano é caracterizada por febre, dores de cabeça e dores musculares.

Prevenção: Não há tratamento capaz de "curar" a brucelose canina. Alguns sugerem o sacrifício de todos os cães soro-positivos para Brucella canis, esperando reduzir o risco de transmissão do cão para o humano. Esta medida, bastante radical, pode ser substituída pela castração destes animais, seu isolamento na propriedade e cuidados especiais de higiene e manejo.

A Brucelose canina como doença

Entre 1965 e 1970, a Brucella canis foi isolada como agente bacteriano responsável por abortamentos e distúrbios da reprodução canina. Apresenta imunidade cruzada com a Brucella Ovis, mas é diferente das outras espécies de Brucella por causa da constituição química de sua parede celular. Pode infectar ainda outras espécies animais. Ruminantes e suínos são resistentes à infecção. Gatos e canídeos silvestres podem ser infectados em laboratórios. Infecções humanas por Brucella canis foram documentadas e de uma forma geral são mais brandas do que aquelas por outras espécies de Brucella, embora sejam ainda bastante graves.

A transmissão da Brucella canis dá-se por contato direto com o microorganismo que penetra pelas membranas mucosas. As infecções geralmente começam pela penetração das mucosas da boca e nariz (os cães normalmente se cheiram e se lambem), mucosas conjuntivas ou mucosas gênito-urinárias pelo agente. Ocorrem infecções intra-uterinas que frequentemente levam cadelas prenhes ao abortamento. Corrimentos vaginais, tecidos placentários e fetos abortados, contém grande número de Brucellas. O contato direto com tecidos e corrimentos pós-parto ou pró-abortamento é a maneira mais comum de infecção pelas mucosas do focinho e da boca (ato de cheirar e lamber). Os cães machos em reprodução tem maiores chances de infectarem-se pelo contato oronasal com as secreções vaginais de uma fêmea no cio contaminada do que propriamente pelo acasalamento embora esta também se dê e tenha bastante importância.

A transmissão venérea (pelo acasalamento) é mais efetiva quando um macho infectado acasala uma fêmea suscetível, porque machos infectados expelem grande quantidade de Brucella canis no líquido seminal durante diversas semanas após a infecção inicial. O microorganismo localiza-se na próstata e no epidídimo do macho, portanto são expulsos pelo sêmen e pela urina de forma intermitente num período de dois anos aproximadamente ou mais.

A transmissão venérea da doença por padreadores infectados é uma importante preocupação dos canis, uma vez que a doença tem efeito devastador e irreversível. Recomenda-se na época do acasalamento teste para esta bactéria tanto do macho quanto da fêmea, evitando-se assim, a contaminação propriamente dita. A contaminação entre dois machos que vivem juntos no mesmo local dá-se pela expulsão da Brucella canis pela urina de uma e subseqüente infecção do outro, que ao cheirar a urina aspira a bactéria e a faz entrar pelas mucosas da boca e narinas ou ainda as mucosas conjuntivas oculares.

Frequentemente, as infecções brucélicas em cães são assintomáticas. Depois que o microorganismo penetra no animal pelas membranas mucosas, ele alcança os linfonodos daquela região ou multiplicam-se dentro das células especiais de reconhecimento e defesa - os macrófagos.

Depois disso ocorre uma multiplicação dos microorganismos dentro de todo o organismo animal que pode durar ate dois anos ou mais, se o cão não for tratado com antibióticos específicos. Embora a infecção por Brucella Canis seja sistêmica (por todo o organismo), os cães infectados não terão uma doença sistêmica ou generalizada, mas sim apresentarão sintomas como infertilidade nos machos e fêmeas, abortamentos e cãezinhos natimortos ou muito fracos. Estas são as manifestações mais comuns da brucelose canina. Os machos podem ainda apresentar dermatite escrotal, atrofia testicular, epididimite e/ou prostatite.

A infertilidade nas cadelas é devida à morte dos embriões precocemente no útero.

"Não há tratamento capaz de "curar" a brucelose canina. Alguns sugerem o sacrifício de todos os cães soro-positivos para Brucella canis, esperando reduzir o risco de transmissão do cão para o humano. Esta medida, bastante radical, pode ser substituída pela castração destes animais, seu isolamento na propriedade e cuidados especiais de higiene e manejo. "

Mais raramente ainda, tanto os machos quanto as fêmeas podem apresentar linfoadenopatias (doença dos linfonodos), discoepondilite, (processos inflamatórios das vértebras e discos inter-vertebrais) esplenite, (inflamação do baço) uveíte anterior, (no globo ocular) glomenlopatia, (processos renais) ou meningoencefalite, (inflamação das meninges e do encéfalo). Ocasionalmente, temos ainda como manifestações dermatológicas a dermatite escrotal ou dermatite secundária à orquite. Também foi descrita como dermatite piogranulosa ou piodermatite persistente (dermatites que envolvem de pús).

Procedimentos para identificação e tratamentos

O diagnóstico pode ser confirmado pelo isolamento e identificação em laboratório do microorganismo ou por testes sorológicos dos animais suspeitos, para medir-se a quantidade de anticorpos anti- Brucella Canis presente na amostra de soro.

O microorganismo pode ser isolado de fetos abortados, placenta, corrimento vaginal, sêmen ou amostras de biópsia ou sangue. Uma série de procedimentos para teste sorológico foi empregada em laboratórios para detectar anticorpos anti- Brucella Canis. São eles:

Huddleson - um teste rápido ou provas de aglutinação em lâmina TRAL pode ser feito no consultório. É barato, sensível, e rápido, porém fornece muitos falso-positivos por reações cruzadas, devendo ser confirmado por teste específico em laboratórios especializados. Apesar disto, o TRAL é importante como procedimento de triagem porque detecta facilmente animais negativos (a probabilidade de animais com falso-negativo é muito baixa).

Soroaglutinação lenta em tuba ou prova de "Bang" ou ainda, prova de "Wright";

Prova de antígeno ao Rosa Bengala ou "Card-test".

Se suspeitamos da infecção por Brucella canis ou se houve exposição à este animal apresenta TRAL negativo, ele deverá ser retestado após 30 dias, uma vez que os títulos dos anticorpos podem ser detectáveis só um mês após a exposição.

Os padreadores devem ser regularmente controlados para anticorpos anti- Brucella canis, especialmente num mês de coberturas e a despeito das matrizes acasaladas terem sido também controladas.

Todos aqueles com testes positivos devem ser retirados das instalações dos canis. Um padreador com teste positivo poderá retornar ao serviço após anti-bióticoterapia, mas se uma cadela de alto valor está infectada e prenhe, os procedimentos de isolamento, anti-bióticoterapia e estreitas condições de higiene vão permitir uma ninhada sadia. Os filhotes devem ser testados para determinar-se aqueles livres da infecção e os positivos deverão ser sacrificados e cremados.

Anticorpos maternos nos cãezinhos podem produzir falso-positivos por diversas semanas de idade. Então faz-se vários testes em seqüência que vão determinar uma curva descendente dos títulos de anticorpos, tendendo a zero. Estes animais permanecem negativos por seis semanas consecutivas. Este perfil sorológico caracteriza filhotes soro-negativos.

Como a Brucella canis vive dentro da célula, o tratamento antibiótico é difícil e todos os animais infectados devem ser vistos como potencialmente portadores por toda a vida. Não se conseguiu determinar de maneira convincente a longo prazo, a eliminação da Brucella canis por anti-bióticoterapia.

Os títulos de anticorpos caem após a anti-bióticoterapia, mas podem permanecer em nível significativos por seis semanas após a bactéria ter sido expulsa do sangue. Se houver uma re-infecção após o fim da anti-bióticoterapia, estes títulos vão subir novamente, logo, recomenda-se que animais de estimação sejam isolados até o fim do tratamento para que seja diminuído o risco de transmissão a outros cães. A terapêutica mais efetiva resultou da combinação de dois antibióticos. Para cadelas prenhes a substituição de um deles é o tratamento de eleição; porém o custo é alto e em muitos casos pode ser proibitivo.

Há um outro esquema sequencial de drogas, utilizado na prevenção do aborto causado pela infecção experimental por Brucella canis durante a gestação mas, a bactéria voltou a aparecer após o parto. É por fatos como este que não se pode considerar um animal negativo após tratamento anti-bióticoterápico.

O criador atento se pergunta:

É conveniente colher-se soro para o teste no período do cio
que precede o acasalamento?

O que ocorre é que nas fêmeas, durante o cio, prenhez ou aborto, a reprodução da Brucella canis aumenta, e consequentemente eleva-se o nível de anticorpos. Na verdade, estes são os momentos mais confiáveis para que se pesquise, nestes animais, a infecção brucélica. Existe uma ressalva: se esta cadela foi infectada até 4 semanas antes da coleta do soro, ela pode ainda não apresentar anticorpos anti-brucela, produzindo um teste com resultado não confiável que deveria ser repetido 4 semanas após para confirmação do resultado do primeiro teste.

A Brucelose e a cadela infértil

Ao avaliar-se clinicamente uma cadela que apresenta dificuldades em tornar-se prenhe, a questão principal é seu estado de saúde. Um hemograma completo, um exame bioquímico do sangue, exames de urina e o mapeamento hormonal da tireóide e da supra-renal são os elementos primários para iniciarmos a pesquisa da eventual infertilidade do animal.

A cadela que está aparentemente saudável para o proprietário, cicla semestralmente e provavelmente não tem problemas relacionados com a tireóide ou supra-renal raramente apresenta uma doença importante.

Anormalidades, mesmo que sutis nesta primeira bateria de testes, despertarão suspeitas e, ao requerer novos testes suplementares ou adicionais poderemos nos deparar dentre outras, com a Brucelose canina.

A Brucella canis será depositada dentro do aparelho genital da fêmea, durante o acasalamento junto com o ejaculado, podendo mais raramente entrar pelas mucosas oronasais ou conjuntivas oculares. Estas bactérias vão dirigir-se primeiro aos linfonodos da região da porta de entrada, e depois disso irão para o aparelho reprodutivo (mucosas) e então vão organizar-se em núcleos brucélicos, apresentando uma reação organizada ao redor, que são geralmente chamados de granulomas, os quais ao interagirem com os tecidos e órgãos reprodutivos vão determinar sintomas característicos.

A Infecção por Brucella canis pode determinar abortamento no fim da gestação, a cadela pode tornar-se infértil, pode reabsorver os fetos no início da gestação e ainda, parir filhotes mortos ou muito fracos e doentes. Recomenda-se então que todas as cadelas em reprodução devem ser periodicamente avaliadas para Brucelose canina, especialmente as que tem problemas ou infertilidade.

O TRAL é um excelente teste, uma vez que oferece improváveis falso-negativos e os positivos são confiáveis, mas mesmo assim, estes serão retestados com o teste de soroaglutinação lenta em tuba para os falso-positivos.

Uma vez confirmada como positiva , a cadela deverá ser castrada, tratada com antibióticoterapia e isolada do resto do plantel.

"O importante é deixar claro a necessidade do controle da Brucella canis como forma eficaz de prevenir e evitar a disseminação da doença no plantel nacional. Vale lembrar também que estes testes sejam semestrais para as cadelas e trimestrais para os padreadores, mesmo quando só sejam acasalados com animais negativos.

Devemos refletir sobre o caráter crônico e endêmico da moléstia e também sobre seu crescimento percentual anual, tornando-nos responsáveis e conscientes, nas nossas atitudes para com nossos cães e com os demais que com ele convivam".

Fonte :

cinobras